terça-feira, 8 de dezembro de 2015

RN: Projeto de apoio ao cooperatismo em assentamento é selecionado para o Caderno Boas Práticas de ATER



Publicado dia 08/12/2015
O desenvolvimento de embalagens para produtos ajuda na comercialização - Imagem: Divulgação  
 
O projeto de fortalecimento do cooperativismo por meio de ações que transformaram os processos produtivos e garantiram a comercialização da variada produção do assentamento Novo Pingos, no município de Açu, no Rio Grande do Norte, é um dos destaques da edição 2015 do Caderno de Boas Práticas de  ATER - Assistência Técnica e Extensão Rural -, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
 
A experiência de sucesso foi desenvolvida pelo Instituto de Assessoria à Cidadania e ao Desenvolvimento Local Sustentável (IDS), por meio do Programa Mais Gestão, que promove o fortalecimento de cooperativas da agricultura familiar ao qualificar seus sistemas de gestão (organização, produção e comercialização), garantindo o acesso ao mercado de compras institucional, utilizando o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). 
 
Com o projeto, o assentamento Novo Pingos, criado em 2002, no município de Açu, a cerca de 220 quilômetros da capital Natal, saltou de uma comercialização de R$ 80 mil em 2013 - com o fornecimento da produção, a exemplo de banana, bolo e hortaliças -, para uma comercialização da ordem de R$ 1 milhão, com a ampliação de produtos ofertados pela Cooperativa dos Produtores de Novo Pingos (Coopingos), que passou a comercializar bebidas lácteas, queijo e leite integral pasteurizado.
 
A história das famílias do assentamento começou com a formação de um pomar de cajueiros, que ocupa uma área de cerca de 500 hectares, objetivando comercializar a amêndoa da castanha de caju por meio da associação dos moradores. Para aprimorar a produção, as famílias participaram de cursos de manejo agroecológico, conservação do solo e podas. 
 
Em meados de 2009, a Coopingos surge para possibilitar a comercialização da castanha do caju junto ao PAA e ao PNAE. Foi iniciada a primeira experiência no assentamento de agregar valor ao subproduto da castanha de caju. O batoque (bandas de caju), que não tinha aceitação no mercado, passou a ser usado como ingrediente na fabricação dos bolos fornecidos para o PNAE. A grande aceitação garantiu ao grupo de mulheres a comercialização, em 2014, de cerca de quatro toneladas de bolos ao mês à Prefeitura Municipal de Açu.
 
Com a grande queda na produção de amêndoas do caju registrada em 2014, a Coopingos passou a utilizar também o mel de abelha na fabricação dos bolos. O aprimoramento do beneficiamento da castanha de caju e da produção de mel levou os assentados cooperados a buscar mais visibilidade para os produtos comercializados pela cooperativa e ampliar o acesso aos mercados institucionais a partir de chamadas públicas de municípios vizinhos. Foi neste momento que entrou em cena a assistência técnica do Programa Mais Gestão, por meio do IDS. 
 
A crise na produção da castanha fez com que a Cooperativa e a assistência técnica buscassem identificar outros alimentos que pudessem ser comercializados pelo assentamento. O produto que mereceu destaque foi o leite, que era vendido para outra cooperativa da região, a Cooperativa do Vale do Açu (Cerval), com quem a grande maioria dos cooperados da Coopingos mantinha uma relação meramente comercial, sem integrar o quadro de sócios. 
 
Foram criadas, então, duas frentes de trabalho: uma voltada à divulgação das políticas públicas do Governo Federal junto a escolas e prefeituras da região; e outra à criação da logomarca, à realização de estudos de marketing e ao desenvolvimento das embalagens para os novos produtos.
 
A Coopingos firmou uma parceria para fazer o beneficiamento do leite com o objetivo de atender a demanda do PAA e do PNAE no laticínio da Cerval, que, embora possuísse todos os registros necessários, não comercializava produtos para esses programas.
 
A parceria para a comercialização do leite produzido no assentamento Novo Pingos e de seus derivados, como bebida láctea e queijo, beneficiou os cooperados da Coopingos e permitiu que a Cerval entrasse no mercado de compras institucional com o fornecimento de produtos para o PAA e o PNAE. Mesmo com a parceria, a Coopingos aguarda o registro no Ministério da Agricultura para comercializar seus produtos com a marca Coopingos, mas já comemora a obtenção do Selo de identificação da Agricultura Familiar (Sipaf), que fortalece a identidade dos produtores familiares e de seus produtos em âmbito regional.
 
Nos últimos meses, a Coopingos participou de diversas chamadas públicas do PNAE para fornecimento de alimentos para escolas municipais e estaduais nas cidades de Açu, Itajá, Ipanguaçu e Paraú (Território Açu/Mossoró), Portalegre (Território Alto Oeste Potiguar) e Apodi (Território Alto Oeste) e para o Campus Apodi do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN).
 
A diversificação da produção exigiu da Coopingos um maior nível de organização gerencial e comercial, que foi suprido pela equipe técnica do programa Mais Gestão, por meio de assessoria administrativa e contábil às famílias assentadas.
 
Com novo fôlego, o grupo de mulheres voltou ao mercado com a produção de bolos com o batoque e, devido à grande aceitação, passou a testar novas receitas com mel e castanha de caju. O grupo participa de todas as etapas do processo de beneficiamento da castanha de caju, da fabricação de bolos e ainda realiza o trabalho de tesouraria da cooperativa.
 
Assentamento Novo Pingos
O Assentamento Novo Pingos foi criado pelo Incra em novembro de 2002, a partir de uma reivindicação das famílias moradoras da fazenda Pingos e de comunidades adjacentes localizadas no município de Açu. Na área de aproximadamente 1.480 hectares estão assentadas 56 famílias agricultoras.
 
O nome Novo Pingos faz referência a uma gruta de arenito Açu localizada em uma área de preservação do assentamento. A rocha tem a propriedade de armazenar água, formando pingos no interior da gruta.
 
Caderno Boas Práticas de ATER
O objetivo da elaboração do Caderno de Boas Práticas de ATER e do Seminário Nacional de Boas Práticas de ATER foi identificar, sistematizar e compartilhar referências inovadoras com contribuição comprovada, na ação de Assistência Técnica e Extensão Rural, para o desenvolvimento rural sustentável e solidário. 
 
No período de 7 a 23 de outubro, as instituições cadastradas no Sistema Informatizado de ATER (Siater) puderam inscrever apenas uma iniciativa, em cada uma das 14 categorias previstas no edital, junto à Comissão Estadual de Boas Práticas de ATER, na Delegacia Federal do MDA de cada estado. As Comissões Estaduais – formadas pelo MDA, Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável, instituições de ATER e representações da Agricultura Familiar –, foram responsáveis pela inscrição, seleção e registro de propostas.
 
As melhores experiências em cada categoria foram enviadas à Comissão Nacional, que selecionou as três melhores iniciativas de cada categoria. As ações escolhidas foram apresentadas no Seminário Nacional realizado em Brasília, de 1º a 3 de dezembro de 2015.
 
Mais Gestão
O Programa Mais Gestão usa metodologia de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) específica para cooperativas da agricultura familiar que precisam aprimorar suas práticas de gestão de modo a alcançar melhores resultados de mercado e garantir renda para seus cooperados. 
 
A metodologia compreende etapas de adesão, diagnóstico da cooperativa, construção de Plano de Aprimoramento Participativo, implementação e acompanhamento de resultados e é baseada em ferramentas de apoio à decisão, visando o aprimoramento das diferentes áreas funcionais das cooperativas: organizacional, comercial, industrial, ambiental, financeira e pessoal. 
 
Assessoria de Comunicação Social do Incra/RN
(84) 4006-2186
http://www.incra.gov.br/rn

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