terça-feira, 30 de junho de 2015

Assentados goianos colhem frutos de parceria com a Petrobras

Publicado dia 30/06/2015
Assentadas Elizabeth Rainha de Jesus e Irene José Fernandes Marques mostram os produtos feitos à base de plantas do cerrado - Foto: Cristiane Santiago - Ascom Incra/GO

Dez anos passados da criação do assentamento, muitas histórias para contar e inúmeras conquistas depois, as 39 famílias que moram na área de reforma agrária Santa Fé da Laguna, localizada no município de Barro Alto, distante 230 quilômetros de Goiânia (região central do estado), apresentam o resultado do projeto "Desenvolvimento e Produtividade". Fruto de uma parceria da Associação de Pequenos Produtores do PA Santa Fé da Laguna e a Petrobras, por meio do Programa Petrobras Desenvolvimento e Cidadania, a ação foi fundamental para a fixação dos trabalhadores no campo.

A presidente da Associação, Rogéria Santana, explica que devido à parceria foi possível investir cerca de R$ 1 milhão no assentamento para melhorar a produtividade e a renda dos assentados. Com o dinheiro, foi feita a correção do solo de todas as parcelas; contratada assistência técnica; realizados mais de 200 cursos de capacitação por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Sindicato Rural; comprados tratores, implementos agrícolas e um caminhão.

Com a terra melhorada, estrutura e equipamentos apropriados para atender o produtor no tempo certo de plantar, somado ao conhecimento adquirido nos cursos, as famílias do Santa Fé da Laguna diversificaram a produção e colhem bons resultados após dois anos de parceria com a Petrobras. "A renda saltou de cerca de um salário mínimo para em torno de R$1,5 mil mensal", informa Rogéria. Ela fala que cada família desenvolve, na própria parcela, pelo menos três tipos de atividades que variam entre pecuária, criação de animais de pequeno porte (frangos e porcos), viveiros de mudas do cerrado, agrofloresta, fabricação de produtos naturais, além dos cultivos para subsistência como hortas, pomares, plantações de milho, arroz e mandioca.

Capacitação

Basta dar um giro pelo assentamento para comprovar a diversidade. Na parcela de número dez, a renda dos moradores vem do leite – cerca de 70 litros ao dia, no período chuvoso – e de uma minigranja de frangos, que possibilita a comercialização de ovos, pintos (nascem, em média, 70 por semana), frangos vivos e abatidos, de acordo com a procura. Além disso, o casal tem horta, planta milho, cana e mandioca "para despesa", como esclarece dona Joana Darques Straioto Oliveira, matriarca da família. Para Joana, sem o aprendizado nos cursos feitos no assentamento "nada ia dar certo". "Na época em que eu nasci, as coisas eram muito diferentes. Eu não sabia sobre alimentação animal, pastagem de piquete, concentrado, vacinação", exemplifica.

Na parcela seis, Elizabeth Rainha de Jesus, Irene José Fernandes Marques e Das Dores Reis incrementam a renda de suas famílias com a fabricação de sabonetes líquidos e em barras, xampus, cremes para pele, xaropes e as chamadas garrafadas – remédio tradicional, popular no interior do país, resultado da fusão de ervas engarrafadas em solução alcóolica. A matéria-prima é retirada das ervas plantadas nos quintais e das plantas do cerrado existentes no assentamento.

Para iniciar a atividade, elas fizeram quatro anos de curso no Senar e aperfeiçoamento com a Articulação Pacari, rede socioambiental formada por organizações comunitárias que praticam medicina tradicional por meio do uso sustentável dos recursos naturais do bioma Cerrado. Segundo Elizabeth, cada uma das envolvidas na produção obtém cerca de R$ 700 de renda líquida mensal com a venda dos produtos dentro do assentamento.

Na mesma parcela, os gêmeos Lucas Galvão de Jesus e Matheus Galvão de Jesus, filhos de Elizabeth, trabalham com produção de mudas de plantas do cerrado, extração do baru e integram a Rede de Sementes de Plantas do Cerrado, que faz a catalogação e registro de árvores para extração de sementes e frutos. Nas imediações da casa da família é possível encontrar diversas espécies típicas, como mamoninha, angico, caraíba, pequi, aroeira, diferentes tipos de ipê, jatobá, baru, copaíba, mescla, caju, mutamba, mangaba, xixá, cagaita, entre outros. De acordo com Lucas de Jesus, ele e o irmão faturaram, no ano passado, cerca de R$ 9 mil com as mudas. "Já compramos uma moto", relata o rapaz com um sorriso nos lábios.

Projetos futuros

Além dos cultivos individuais, todo ano as famílias do assentamento plantam 44 hectares de lavoura comunitária dividos igualmente entre milho e arroz. As sementes e os insumos são repassados pela Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seagro). Este ano, foram colhidos 480 sacos de arroz, com 60 quilos cada. O milho a ser colhido deve gerar cerca de 40 sacos. Segundo Rogéria, os produtos são distribuídos entre as famílias.

Nesta semana, as famílias passam a receber, gratuitamente, dosagens de sêmen de bovinos de leite (holandês, gersei e ocidental) para melhorar o rebanho. "Esse trabalho vai dar mais qualidade às matrizes leiteiras. Daqui a três anos, o gado estará mais apurado", explica a presidente. Para realizar esta ação, a Associação investiu R$ 6 mil na aquisição de 300 doses de sêmen.

No embalo dos bons resultados, Rogéria planeja instalar, em parceria com a Prefeitura de Barro Alto, atividade de panificação no assentamento. O objetivo é ter produtos para fornecer ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Ela disse que o projeto está sendo gestado.

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