quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Este é o problema – o “déficit estomacal”, vulgo “fome” – que os neoliberais esquecem.

18 de dezembro de 2014 | 11:06 Autor: Fernando Brito

FOME
O IBGE deu hoje uma boa notícia ao país.
Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar, a percentagem de brasileiros que passam fome (o que os técnicos chamam de “insegurança alimentar grave”, um belo pleonasmo), caiu muito nos últimos quatro anos.
Eram 6,9% em 2004, baixaram para 5,0%,  em 2009 e, em 2013, são  3,2%dos brasileiros.
Ainda assim, uma montanha de gente.
Como, aliás, O Globo registra em sua manchete, Mais de sete milhões de pessoas ainda passam fome no país, sem dizer, claro, que eram mais que o dobro há alguns anos, quando seus queridos tucanos davam as cartas.
A Folha segue na mesma toada: A fome caiu 1,8 ponto percentual entre 2009 a 2013 .
Curioso é que se a inflação passar de 0,3% para 0,6% o título dirá que ela dobrou, não que ela aumentou 0,3 ponto percentual.
É um festival de irrelevância os detalhes que procuram destacar, como o fato de que 10% das pessoas nessa condição tenham microcomputador (Aumenta percentual de famílias sem comida, mas com internet, diz IBGE).
No mundo do consumo e da informação querem o quê? Que as pessoas pobres não desejem as ferramentas da vida moderna?
É uma versão high-tech do “pobres e ainda querem ter filhos”.
É o retrato de uma elite, que se expressa em sua mídia, que desfaz dos avanços e acentua as carências para que as pessoas não percebam a mudança.
Leia a nota do IBGE e veja como, além de cruel como é para qualquer pessoa, a fome é uma agressão covarde a todos os que essa elite mais odeia: os pretos, pobres e nordestinos.

PNAD: insegurança alimentar nos domicílios cai de 30,2% em 2009 para 22,6% em 2013

O percentual de domicílios particulares brasileiros que se encontravam em algum grau de insegurança alimentar caiu de 30,2% em 2009 para 22,6% em 2013. No ano passado, 52,0 milhões de pessoas residentes em 14,7 milhões de domicílios apresentavam alguma restrição alimentar ou, pelo menos, alguma preocupação com a possibilidade de ocorrer restrição, devido à falta de recursos para adquirir alimentos. Entre 2009 e 2013, houve queda de 3,2 milhões de domicílios (ou 14,2 milhões de moradores) em situação de insegurança alimentar.
A insegurança alimentar grave apresentou reduções importantes em relação aos levantamentos anteriores. Esse indicador caiu de 6,9% em 2004 para 5,0% em 2009 e, em 2013, atingiu seu patamar mais baixo: 3,2%. São domicílios onde, além dos membros adultos, as crianças, quando havia, também passavam pela privação de alimentos.
Dos 65,3 milhões de domicílios particulares no Brasil, 77,4% estavam em situação de segurança alimentar em 2013. Eram 50,5 milhões de residências com 149,4 milhões de pessoas, o equivalente a 74,2% dos moradores em domicílios particulares do país. Isso significa um aumento de 9,1 milhões de domicílios (ou 21,7 milhões de moradores) em situação de segurança alimentar em quatro anos.
A insegurança alimentar era maior nas regiões Norte e Nordeste, atingindo, respectivamente, 36,1% e 38,1% dos domicílios, bem como na área rural (35,3%). Além disso, a insegurança alimentar era maior em domicílios onde residiam menores de 18 anos (28,8%), entre os pretos e pardos (33,4%) e para aqueles com um a três anos de estudo (13,7% com insegurança alimentar moderada ou grave).
Essas são algumas das informações do levantamento suplementar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2013 sobre segurança alimentar. Ele foi realizado pelo IBGE em convênio com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), assim como ocorreu nas edições de 2004 e 2009. A publicação completa referente a 2013 e os dados reponderados de 2004 e 2009 podem ser acessados na páginawww.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/seguranca_alimentar_2013/

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