sexta-feira, 26 de setembro de 2014

1,7 milhão de famílias já deixaram o programa de apoio ao cidadão de baixa renda voluntariamente

A digitadora Ana Paula Bezerra, 26 anos, devolveu o seu cartão do programa de apoio ao cidadão de baixa renda no dia 22 de julho de 2014. “Graças a Deus, não preciso mais. Quero que outra família seja atendida no meu lugar”, comemora. Ana Paula representa uma das 1,7 milhões de famílias que deixaram voluntariamente de receber o benefício desde 2003, segundo levantamento do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). O abandono se dá, principalmente, pela melhoria de renda dos beneficiários. Há, ainda, mais 1 milhão de famílias que abandonaram o programa sem informar o motivo.

Beneficiarios_deixam_Bolsa_Familia_voluntariamente
Ana Paula vive em Guamaré (RN) com seu marido, Josenílson, e dois filhos. Estavam desempregados quando se inscreveram no programa, há cinco anos. No início, receberam R$ 90,00. Quando o filho mais velho, Samuel, foi para a escolinha, o benefício aumentou para R$ 112,00. A última parcela recebida foi de R$ 147,00. Hoje, a família não recebe nada, e está feliz com isso. Ana Paula tem um emprego na unidade de saúde da prefeitura, onde ganha R$ 780,00. O marido, técnico em eletricidade, também está empregado e recebe R$ 2.500,00. A família mora em uma casa de dois quartos, sala, cozinha e banheiro. O próximo passo do casal é comprar um carro.
Para Ana Paula, o programa foi importante para a melhoria de vida da sua família. “A gente estava sem emprego e o dinheiro ajudou muito. Como conseguimos trabalhar e nossa vida mudou, achei justo devolver o cartão. Não ia passar para outra pessoa receber. Preferi ir ao Cras (Centro de Referência de Assistência Social) e entregar para o Caio, que trabalha lá. Graças a Deus não preciso mais. Tomara que as pessoas que estão desempregadas ou ganhem pouco tenham a mesma ajuda”.
Melhoria na renda
No Brasil, 75% dos beneficiários do programa de apoio ao cidadão de baixa renda, com mais de 18 anos, trabalham ou estão procurando trabalho. Atualmente, o programa atende a quase 50 milhões de pessoas, o que corresponde a mais de 13,9 milhões de famílias. Do total de beneficiários, 42% possuem menos de 18 anos.
Desde 2011, o programa reforçou sua focalização nas pessoas extremamente pobres. Por conta disso, 22 milhões de pessoas saíram da situação de miséria sob a ótica da renda, superando o patamar de R$ 77 per capita por mês. Além disso, também foram ampliadas as ações de inclusão produtiva e ampliação de acesso a serviços públicos.
Capacitação e empreendedorismo
Uma quantidade expressiva de beneficiados também tem investido na qualificação profissional. Por meio do programa de capacitação técnica já foram registradas mais de 1,43 milhão de matrículas em 3,5 mil municípios. São oferecidos mais de 600 cursos de qualificação profissional destinados também aos integrantes do cadastro único para programas sociais do governo federal que estão inseridos no plano de erradicação da miséria.
As medidas de inclusão produtiva dos beneficiários do programa também incluem operações de microcrédito produtivo orientado. Até abril de 2014, foram registradas 3,2 milhões de operações voltadas ao fortalecimento de pequenos negócios e empreendimentos. Além disso, os beneficiários também buscaram a formalização como Microempreendedor Individual. Nessa modalidade, segundo o MDS, foram 406 mil inscrições. Na área rural, 66,6 mil beneficiários do programa de apoio ao cidadão de baixa renda, entre extrativistas, assentados e ribeirinhos, participam do programa Bolsa Verde, em que recebem recursos e participam de cursos de capacitação para continuar produzindo, ao mesmo tempo em que garantem a conservação do meio ambiente por meio do manejo sustentável.

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