segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Libaneses morrem em naufrágio na costa da Indonésia



Uma embarcação transportando cerca de 120 imigrantes da Jordânia, do Líbano e do Iêmen rumo à Austrália, naufragou na última sexta-feira ao sul de Java, principal costa da indonésia. Até o momento, 22 mortes já foram confirmadas, entre elas, 13 crianças com menos de 15 anos, e foram resgatados 28 sobreviventes, sendo 18 deles libaneses. 

Os imigrantes libaneses que estavam a bordo do barco, são oriundos de Qoubaiyat, Mechmech e Fnaidek três aldeias do distrito de Akkar, no norte do Líbano; uma delegação das aldeias foi enviada à Jacarta, na Indonésia, para a identificação dos corpos das vitimas. O contato dos contrabandistas na Indonésia, é um iraquiano, identificado como Abu Saleh, que era responsável pelo monitoramento das chegadas dos imigrantes rumo a Austrália, e que já foi detido.  

O Presidente Michel Sleiman pediu ao Primeiro-Ministro, Najib Mikati, que instruísse a Embaixada do Líbano em Jacarta, para gerenciar a busca por todos os desaparecidos, e providenciar o retorno dos sobreviventes e dos corpos das vítimas, o mais rápido possível. 

As equipes de resgate afirmaram que de acordo com os sobreviventes, 33 pessoas estão desaparecidas, e os 28 náufragos resgatados, foram encaminhados para o escritório de imigração para identificação. De acordo com o Porta-Voz das aldeias dos náufragos libaneses, Hamza Abboud, acredita-se que entre 40 a 60 libaneses, tenham morrido no naufrágio, e outros estejam desaparecidos. 

Ali Hussein, mukhtar da aldeia de Qoubaiyat, afirmou que muitos moradores da aldeia estiveram com ele antes de embarcar, para providenciar documentos, e que a maioria vendeu tudo o que tinha para tentar chegar à Austrália, e tentar uma vida melhor. 

Hussein havia lhes sugerido que tentassem outra opção, porque a jornada era deveras arriscada; e que agora, muitos nem terão um funeral decente, porque trasladar os corpos de volta, custará muito caro. De acordo com informações de pessoas próximas aos imigrantes, os libaneses pagaram US$10 mil dólares pela travessia da Indonésia à Austrália.

 Ahmad Hussein Khodr, um dos sobreviventes libaneses que nadou até a ilha mais próxima, contou que, ele perdeu a esposa grávida e os oito filhos, e que até o momento, as autoridades da Indonésia resgataram apenas os corpos de sua esposa, e de 2 de suas filhas. 
Asaad Ali Asaad, também perdeu 5 membros da sua família no naufrágio. Ali Hamza, pai de Manal Hamza, que se encontra desaparecida, disse que havia cerca de 80 libaneses na embarcação, e que 16 deles, eram de Qoubaiyat.   

Segundo relatam os sobreviventes, o barco apresentou problemas mecânicos cerca de 10hs após a partida, e a princípio, a equipe da embarcação disse aos imigrantes, que outro barco iria encontrá-los para que fosse feita a troca de embarcação, o que não aconteceu. Diante da situação, a equipe teria tentado refazer seu curso de volta à Indonésia, mas acabou afundando.

Um dos sobreviventes, o jordaniano Abdullah, declarou à imprensa australiana, que os imigrantes tinham abandonado seus países em virtude de conflitos internos e ameaças às suas vidas, acreditando que na Austrália eles seriam recebidos e abençoados, e afirmou ainda, que o governo australiano sabia onde eles estavam. 

Abdullah disse que os imigrantes entraram em contato com autoridades australianas pelo celular, diversas vezes desde a noite de quinta-feira (26), e que por meio do GPS, forneceram a localização exata de onde se encontrava o barco, e ninguém foi enviado para socorrê-los. Eles alertaram que o grupo estava em condições de risco, sem água e sem comida há 3 dias, e que ninguém os resgatou, e que essa omissão de socorro do governo australiano, custou a vida de 60 pessoas, entre elas, mulheres e crianças.

Veja o vídeo, onde o jordaniano Abdullah conta ao jornal australiano, o que aconteceu.


O Parlamentar Nidal Tohme, culpa o governo libanês pela tragédia, afirmando que se o Estado proporcionasse uma vida digna para os cidadãos libaneses, e atendesse suas dificuldades frente à pobreza e desemprego, talvez eles não tivessem pensado em imigrar para outro país, e os libaneses de Akkar, não teriam perdido suas vidas nesse trágico acidente. 

Fouad Siniora, Ex-Primeiro-Ministro, disse que os libaneses estão impedidos de construírem um futuro em seu próprio país, e isso é um grave problema que deve ser imediatamente reparado pelo governo do Líbano. 

Cerca de 400 embarcações com refugiados chegaram à Austrália nos últimos 12 meses, e 45 mil pessoas já pediram asilo ao país, desde o final de 2007. No entanto, o governo australiano, fez uma alteração recente em sua política de requerimento de asilo, incluindo os que também chegam de barco; e muito provavelmente os imigrantes que tentarem alcançar o país por essa via, serão rejeitados.  

Em Junho do ano passado, uma embarcação do mesmo tipo, também naufragou, na mesma região, com tripulação de iranianos, afegãos e iraquianos.


Claudinha Rahme
Gazeta de Beirute


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