Antes dessa etapa da pesquisa, 63% dos 2.060 entrevistados de todo país, diziam conhecer o conceito. Desses, 40% entendia educação integral como aumento do tempo na escola e 22% identificava o conceito com aumento do tempo na escola e participação em atividades culturais, esportivas, oficinas e cursos.
“Queremos com essa pesquisa ampliar o debate público sobre educação. Esperamos que ele ajude os gestores de educação ao mostrar que os brasileiros aprovam essas políticas e que há expectativas de que seus filhosaprendam mais, com qualidade, mais tempo de aprendizagem”, afirmou Patrícia Mota, gerente de educação da Fundação Itaú Social. Ela acredita que a pesquisa revela também uma abertura muito grande da população para diversificação de currículo e novas modalidades de educação.
Tempo de escola
A questão do tempo da jornada escolar também foi levantada por Patrícia, que defende que “as quatro horas e meia que o aluno passa na escola é pouco perto de outros países”. Ela citou o exemplo da Inglaterra, que adotando programas similares, conseguiu melhorar índices educativos. “Ainda não fizemos uma pesquisa direta sobre isso, mas a experiência de diversas cidades ajuda a mostrar que onde chega educação integral, os índices educativos e o envolvimento dos estudantes melhora muito.”
Entre os 10% que julgam irrelevante a educação integral, há uma porcentagem maior de pessoas das classes A e B. A explicação, segundo os autores da pesquisa, pode estar na possibilidade de arcar com cursos particulares para seus filhos. Entre a classe C/D e E, há uma percepção, em 23% dos casos, de que a educação em tempo integral pode evitar criminalidade, violência e uso de drogas.
Apesar de 50% dos pesquisados acreditarem que a educação em tempo integral melhora o nível da educação, 4% acreditam que mais tempo na escola pode ser cansativo. “Para nós, esse número serve como um alarme, uma tendência do que pode estar errado, do que precisa ser melhorado”, afirmou Marlene Treuk, do Datafolha.
Tendência
Uma das razões apontadas para o aumento da familiaridade do brasileiro com a educação integral é a expansão do programa Mais Educação, do Ministério da Educação (MEC), que atualmente chega a aproximadamente 50 mil escolas – a previsão para 2014 é de que até 60 mil escolas tenham acesso à iniciativa, o que representaria cerca de seis milhões de estudantes. Neste ano, o investimento no Mais Educação foi de R$1,8 bilhão.
“Mesmo nas escolas onde o programa não consegue abarcar todos os estudantes, há um ‘transbordamento’. A instituição tem que mudar sua dinâmica, investir em formação de professores, beneficiando a escola como um todo”, avalia Patrícia Mota, que também lembrou que 72% dos entrevistados acreditam que a responsabilidade pela educação tem que ser do governo.
“Isso mostra uma crença na liderança que o poder público tem que ter na educação. 90% dos entrevistados acreditam no papel da escola como promotora de educação integral, mas isso não exclui a família, igrejas, ONGs, o bairro e outros espaços de aprendizagem”, conclui.