domingo, 29 de julho de 2012

CNC - Semana é marcada por reunião do grupo de trabalho da Associação 4C


- Semana é marcada por reunião do grupo de trabalhoda Associação 4C e por assinatura de contrato entre Ministério da Agricultura e Bancoob para aplicação de recursos do Funcafé. No mercado, preços desabam pressionados pela crise mundial e produtores seguem cautelosos na venda.
ASSOCIAÇÃO 4C — A Associação 4C é uma plataforma internacional sem fins lucrativos de caráter voluntário e pré-competitivo formada por múltiplos grupos de interesse. São quase 170 membros distribuídos nas câmaras de produtores, comércio e indústria e sociedade civil, além de membros individuais e membros associados, todos trabalhando juntos, de forma pré-competitiva para agregar ações mais sustentáveis ao setor cafeeiro mundial.
O padrão de linha de base é o sistema de verificação. Diferentemente das certificações, onde todos os participantes são inspecionados, na verificação é feita uma amostragem, onde um percentual dos produtores de cada unidade é verificado anualmente, o que proporciona um custo bem menor que os processos de certificação. Este conceito da Unidade 4C da Associação foi desenvolvido para permitir que os produtores dessem o primeiro passo para uma cafeicultura sustentável e, ao mesmo tempo, funciona para a indústria como um processo de auditagem de seus fornecedores.
Durante os primeiros anos, o conceito foi apoiado principalmente pelo comércio internacional, que trabalhacom suas cadeias de suprimento e cooperativas. Com a crescente demanda, expressa pelas principais indústrias mundiais, um número cada vez maior de exportadores e industriais está se interessando em participar do sistema 4C, crescendo, portanto, a demanda por cafés que tenham a sua verificação.
Recentemente, a Associação 4C filiou-se, como membro pleno, à ISEAL Alliance (www.iseal-alliance.org), que é uma instituição que regula as agências certificadoras internacionais. Para atender aos requerimentos da ISEAL Alliance, é necessário seguir normas e passos de um processo bem estruturado de modo que as etapas sejam claras e definidas, respeitando os requerimentos para um processo de transparência e princípios de credibilidade.
Portanto, a Associação 4C está buscando aumentar, atualmente, o número de produtores no sistema para realmente mover a produção de café convencional para um nível de sustentabilidade de base e, simultaneamente, atender à crescente demanda por cafés produzidos dentro dos princípios sustentáveis.
Recentemente, no Seminário Internacional do Café de Santos, membros exportadores de café, representados pelo Cecafé, decidiram formalizar – em colaboração com a Associação 4C – a criação de um grupo de trabalho para levantar problemas e dificuldades enfrentadas pelo setor exportador no Brasil.
Este grupo se reuniu no último dia 24 de julho, em São Paulo (SP), e, além de diversos exportadores, participaram o próprio Cecafé, o Conselho Nacional do Café (CNC), a Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (Cooparaiso), a UTZ Certified, a Rainforest Alliance, a P&A Marketing e ogerente da Associação 4C no Brasil, senhor Luís Andrade. Confira os principais pontos do encontro abaixo.
— Novo modelo de negócio: Na reunião, foi apresentado um novo modelo de negócio. Anteriormente voltado para a oferta e, atualmente, para a demanda crescente do mercado, o 4C procura ser um padrão básico possível para a inserção de um maior número de produtores no processo de produção sustentável.
— Filiação da Associação 4C à ISEAL Alliance: Irá demandar uma atualização constante no Código Comum para a Comunidade Cafeeira, o 4C. A ISEAL Alliance, em última instância, é quem regula as certificadoras.
— Responsabilidades: O 4C, até dezembro de 2012, auxiliará na checagem da documentação. A partir de 2013, as Unidades selecionarão e contratarão as empresas responsáveis pela verificação, cujos custos serão de responsabilidade da Unidade 4C.
— Fidelização: A maioria dos exportadores presentes no encontro defende que os produtores participantes da Unidade devem ter a liberdade para comercializar os cafés verificados com outros agentes do setor cafeeiro. O CNC manifestou seu desacordo com esta posição, uma vez que a Unidade tem custos, tanto no processo de verificação, quanto no de difusão dos conceitos necessários para a produção dos cafés dentro dos princípios preconizados pelo 4C. Portanto, os produtores da Unidade devem ter liberdade para comercializar seus cafés, mas não poderiam repassar o certificado de verificação feito aos gastos da sua Unidade.
— Próxima etapa: Foi criada uma força tarefa, com seis representantes, sendo três dos exportadores e três dos produtores, com a participação de quatro outras entidades com o objetivo de proporcionar suporte ao grupo (UTZ, Rainforest, secretariado do 4C e P&A), as quais deverão se reunir no final de agosto de 2012 para redigir as propostas de modificação no regulamento atual, a fim de facilitar o ingresso de um volume maior de produtores e atender à crescente demanda do mercado.
LIBERAÇÕES DO FUNCAFÉ — Na quinta-feira (26), o Diário Oficial da União (DOU) trouxe a publicação de contrato firmado entre a Secretaria de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SPAE/Mapa) e o Banco Cooperativo do Brasil S/A – BANCOOB, que fica credenciado a implantar linhas de crédito com recursos orçamentários do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). A instituição foi autorizada a liberar até R$ 49,913 milhões para estocagem, R$ 55,830 milhões para custeio e R$ 10 milhões para FAC. Com esses repasses, o Mapa já autorizou o Funcafé a liberar um total de R$ 1,819 bilhão aos agentes credenciados. Confira, no final do boletim, planilha do CNC que contém os números atualizados até 26/07/2012.
ANÁLISE DE MERCADO — Apesar do inverno mais chuvoso prejudicar a produção dos cafés finos, a semana foi marcada por sucessivas baixas, que alcançaram mínimas de quase 7% no fechamento de quinta-feira (26/07) na Bolsa de Nova York. No início da semana, as quedas foram motivadas novamente pela instabilidade dos mercados internacionais, mas nem com a recuperação observada ontem e hoje o café conseguiu apresentar reação. Dessa maneira, o contrato com vencimento em setembro/12 registrou a cotação de US$ 1,7370 por libra peso, reduzindo para 7,09% a queda acumulada na semana.
Segundo analistas, a volatilidade nos preços vem comprometendo o ritmo da comercialização da safra 2012/13, tanto no mercado interno quanto na exportação. Gil Barabach, da consultoria Safras & Mercado, confirma que os negócios estão mais lentos no mercado físico. Segundo ele, 20% da nova safra foram vendidos até sexta-feira. Também as vendas para entregas futuras apresentam ritmo lento, devido à grande volatilidade dos preços internacionais e do câmbio.
Outra explicação para a redução dos negócios é o fato das torrefadoras europeias estarem encontrando maior dificuldade de financiamento, o que ocasiona a redução de suas compras, fazendo com que adquiram somente o café necessário para o curtíssimo prazo. Desta forma, a esperada recomposição dos estoques poderá ser mais lenta que o esperado.
Por outro lado, os produtores estão cautelosos devido aos prejuízos provocados pelas chuvas durante a colheita, o que irá reduzir a oferta dos cafés de melhor bebida, o que, certamente, aumentará o prêmio destes grãos em relação aos de qualidade inferior.
À medida que se aproxima o final do verão no Hemisfério Norte, por volta de meados de agosto, a demanda dos importadores pelo café brasileiro tende a aumentar. Com os estoques persistindo em níveis baixos, o consumo crescente e a redução da oferta de cafés de melhor qualidade, acreditamos que, apesar das quedas verificadas nesta semana, em médio prazo os preços do café devem continuar no processo de recuperação iniciado recentemente.


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