segunda-feira, 25 de junho de 2012

SOCEGA LEÃO


Às 7 horas da manhã estávamos reunidos no pátio do Liceu Muniz Freire. As veteranas estavam alegres e satisfeitas: nós, calouras, também sentimos alegria e satisfação, mas um tanto acanhadas e desconfiadas.
Depois da sineta deu-se o grito de comando e a turma formou. Então apareceu o Diretor e falou e alguns minutos e mandou que fôssemos para o salão.
Cumprindo as ordens do Diretor e logo após iniciou a festa.
Recitativos e hinos pelas veteranas, castigos pelas calouras, etc.
E por fim apareceu um professor muito grande, que fala muito explicado, e mandou que as veteranas dessem um trote nas calouras. Para as veteranas uma alegria, mas para as calouras eu não sei explicar muito bem o que foi, mas suponho que tenha sido uma surpresa.
Bem, depois de muita festa, fomos novamente para o velho e racional pátio, quando chegamos lá nova surpresa o portão fechado.
Eu e outras companheiras estávamos conversando a respeito do trote quando uma veterana nos interrogou interrompeu dizendo: tire o bolero! Abaixe sua gravara meia! Desamarre a gravata! Falou tudo com tanto entusiasmo que parecia mais um soldado falando a uns prisioneiros.
Nós ficamos um tanto pensativas sem supor o que seria aquilo, quando uma da nossa turma gritou: É o trote
E ai começou.
As veteranas perseguiram as calouras como urubu na carniça.
Mas poucos minutos depois nós já estávamos sob o domínio das veteranas: veio então uma veterana tipo ‘’urubu rei’’ e mandou que ficássemos em forma. Mas as calouras já estavam com vontade de brigar e não obedeceram. Daí a pouco o portão abriu e nós viemos prá rua fazer um barulho infernal. Afinal, nós mostramos às veteranas que as calouras deste ano não são tão burras quanto elas supunham. E eu ainda dou nosso grito de glória: - Nem todo calouro é burro.
Nair Coelho, 9 de abril de 1937
Jornal Socega Leão. Número 1, ano 1. 9 de abril de 1937.
Na apresentação jornal a estudante Zenith Azevedo , colega de Nair, fala: Querendo o Dr. Newton Braga fundar em nossa turma um jornalzinho, para isso era necessário escolher um nome. Depois de uma prolongada eleição, o nome preferido pela maioria dos calouros foi: Socega Leão.
Trouxe este nome um certo descontentamento entre colegas, achando alguns, não ser este título adequado para um jornal de estudantes. Mas, como possuía uma maior quantidade de votos, ficou sendo o vencedor.
Não havendo tipografia no colégio, tivemos necessidade de fazê-lo escrito a mão e para esse cargo foi eleita a nossa distinta colega Nair Coelho, que com seus esforços e seu bom gosto há de fazer ir avante a nossa distração de estudante. O nosso jornal tem por fim cogitar das cousas alheias, mas de maneira a não ofender. Aquele que não quiser ser criticado que ande na linha, porque não havemos de dar folga.
Zenith Azevedo
Eleita em classe para redigir este artigo de apresentação.

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