sábado, 30 de junho de 2012

QUANDO E COMO VIERAM OS LIBANESES?


Ando na busca de como e quando meu avô paterno chegou ao Brasil, vindo do Líbano. Na peregrinação de conversas e conversas parece que não saio do lugar. De informação concreta tenho apenas a data de seu falecimento.
A primeira informação que obtive, foi por parte de meu pai, ao me dizer que vovô veio das montanhas de Zgharta. Com base neste dado consegui fazer contatos com vários patrícios, mas o que ficou de concreto é a angústia de andar, conversar e pesquisar, mas praticamente não sair do lugar. É desta maneira que as pessoas interessadas em mergulhar no seu passado ficam quando não atingem o objetivo: poder ler o passado e nele ver o seu ente querido por inteiro – com documentos de identidade e fotografia.
Zgharta tem sido o meu rumo nas buscas. Lembro que em 1992 na Espanha, em Sevilha, comprei o jornal El Paiz e lá estava uma reportagem sobre a invasão israelense ao território libanês. Um mapa ilustrava o texto e nele estava a região de Zgharta. A emoção foi grande e carrego comigo um grande troféu, que funciona como uma bússola.
A gente vai perguntando aos mais velhos, percorre a internet e também busca junto aos patrícios vindos da região de Zgharta mais informações. Quanto mais antiga é a chegada, mais difícil vai ficando a empreitada.  Os registros não existem.
Mais adiante encontrei num texto publicado pelo Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo uma referencia a um navio chamado Zgharta, de propriedade do imigrante Pedro José Aboudib. Segui em frente e encontrei um depoimento de Aboudib datado de 1945, onde ele narra a sua saída do Líbano no ano de 1889, com 16 anos de idade. Como meu avô estava no Espirito Santo nesta época, imagino e pelo relato de Aboudib, que ele aqui veio para encontrar como vovô, que seria amigo de seu pai.
Quando meu pai morreu, eu não tinha grande interesse no tema imigração. Mas meu Sebastião, que viveu 95 anos muito me ajudou na troca de informações sobre o seu pai, como era e como vivia e como se relacionava com os brasileiros e com os seus patrícios de Muniz Freire.  Vou juntando histórias.
Na busca pelo meu avô consegui saber de muitas histórias de outros patrícios que aqui chegaram. Na pesquisa, a informação é a moeda de troca. Perguntar e ouvir. A gente fala o que sabe e passa saber mais um pouco. No próximo encontro temos em nosso poder informações que serão repassadas. Vamos enchendo o embornal com dados de libaneses, sírios e uns poucos palestinos que aqui vieram.
Mas disto tudo parece que vai ficando e solidificando uma situação muito estranha: as pessoas não sabem muito sobre os seus antepassados. Às vezes ouço alguém dizer que eu teria material para escrever um livro sobre a imigração libanesa para o Espírito Santo, que sei muito. Não raro falo que na verdade não sou eu que tenho muitas informações: os meus interlocutores é que sabem pouco da sua história familiar. Registro esta situação com tristeza. Mas esta é a realidade de quase todas as famílias, não sabem a sua Historia. É um amontoado de pequenas informações e dados, que soltas no tempo e na memória das pessoas e grupos familiares, devem e precisam ser ordenadas interpretadas.
Não posso de maneira alguma parar e guardar para mim as informações. Lanço um desafio aos meus queridos patrícios para que juntos iniciemos a coleta de dados e informações para responder o título deste artigo: quando e como vieram os nossos para as terras capixabas.

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