segunda-feira, 28 de maio de 2012

Viva Ruschi na criação do Instituto Nacional da Mata Atlântica


Viva Ruschi na criação
do Instituto Nacional da Mata Atlântica


Festival Internacional de Jazz e Bossa 
Santa Teresa ES - 1 a 3 de junho

Fabricio Ribeiro, jornalista

Nos próximo dias 1 a 3 de junho acontece o Festival Internacional de Jazz e Bossa de Santa Teresa. Além  da programação musical, o evento é alusivo ao conceito de Sustentabilidade e das questões ambientais.

Com esse eixo é entusiasta da instalação do Instituto Nacional da Mata Atlântica em Santa Teresa, Espírito Santo, inclusive como homenagem à memória de um dos maiores capixabas da história.

Augusto, Gutti, Ruschi
A República no Brasil ainda era bem jovem, tinha só 26 anos. A população da terra capixaba ficava em torno de 400 mil habitantes. E isso com o reforço vivo dos imigrantes europeus que vieram para 'reinventar' e ocupar o Estado.

Foi neste momento histórico, que em 12 de dezembro de 1915, o Espírito Santo viu nascer, em Santa Teresa, um dos seus mais ilustres filhos: Augusto Ruschi. Cientista, naturalista e ambientalista de alcance planetário. Homem do seu tempo e da sua terra. É o patrono da Ecologia no Brasil e até  estampou a cédula de 500 cruzados novos no final dos anos 80. 

Foi o oitavo filho de doze do casal de imigrantes italianos, Giuseppe Ruschi e Maria Roatti. Nasceu cercado pelas florestas da mata atlântica no alto das montanhas capixabas.

E foi a beleza das matas de Santa Teresa, a diversidade da flora, da fauna - em particular os colibris - que encantaram o ainda garoto Gutti.

Desde 1933 já frequentava institutos de pesquisa no Rio de Janeiro e em 1937 passa a integrar o quadro de pesquisadores do Museu Nacional. Ruschi foi um cientista fecundo, com cerca de 450 trabalhos e 22 livros.  Participou da criação de instituições científicas e de reservas ambientais.

Sempre ligado a Santa Teresa, Ruschi também foi um cidadão ativo e participante de organizações e iniciativas voltadas para melhorias na cidade. 

Museu de Biologia Mello Leitão
Uma das criações de Augusto Ruschi foi em 1949: o Museu de Biologia Mello Leitão, em Santa Teresa. Ali ele dá prosseguimento as pesquisas sobre fauna e flora e concentra uma das mais expressivas bases de conhecimentos sobre a Mata Atlântica.

O acervo de plantas, animais e a repercussão internacional do trabalho de Ruschi transformaram o Museu numa das principais atrações das montanhas capixabas, virando roteiro obrigatório para pesquisadores , estudantes e turistas. São mais de 50 mil visitantes por ano. É um trabalho que mescla a divulgação científica, a educação ambiental e o turismo, e vem atravessando gerações.

Mostras científicas, culturais e cursos nas áreas de ciências naturais estão entre os serviços prestados pela instituição. Também  acolhe animais silvestres apreendidos e orientando quanto à soltura.

Instituto Nacional da Mata Atlântica
É este Museu de Santa Teresa do Espírito Santo, de valiosos serviços prestados à humanidade, que pode se transformar no Instituto Nacional da Mata Atlântica. 

Assim seria o responsável pela coordenação e sistematização dos conhecimentos científicos sobre o bioma onde se concentra mais de 60% da população brasileira e se encontra profundamente impactado nas suas florestas ao longo da costa, pelo interior do Nordeste, Sudeste, Sul e em partes do Centro-Oeste. Incluem ainda a Floresta de Araucária do sul do país, os campos e campos de altitude, além das restingas e mangues do litoral.

Com a instalação do Instituto Nacional, Santa Teresa e o Estado se tornarão o núcleo central de pesquisa e inteligência que irá orientar as políticas de conservação e uso da Mata Atlântica. 

A Prefeitura Municipal já ofereceu um terreno para as futuras instalações e o Governo do Estado vem atuando para assegurar a vinda da instituição, cujo projeto neste momento segue tramitando no Congresso Nacional, quando então irá para a sanção da presidenta Dilma Roussef.

Atualmente o Museu de Biologia Mello Leitão é vinculado ao Ministério da Cultura, mas com a criação do Instituto Nacional da Mata Atlântica irá para o Ministério da Ciência e Tecnologia, quando passará a contar com mais recursos para pesquisas e um corpo próprio de cientistas.

Viva Ruschi
Neste mês junho, em plena Semana Mundial do Meio Ambiente, completam 26 anos do falecimento de Ruschi - precisamente em 03 de junho de 1986.  Certamente, a instalação do Instituto Nacional será uma honraria proporcional ao trabalho e à memória do cientista e do cidadão, que em plena ditadura enfrentou um governador para defender uma reserva ameaçada.

Ruschi ainda inspirou escritores, como o cronista capixaba e seu amigo, Rubem Braga e o mineiro Carlos Drummond de Andrade. Este se referiu ao pesquisador/ambientalista como um zelador do planeta. E no fim, mortalmente envenenado por um sapo foi o cientista o paciente de uma memorável pajelança, cujo os cantos e mantras do pajés Raoni e Sapain ecoaram no mundo inteiro.

Primeira cidade do Brasil colonizada por italianos, Santa Teresa é a terra prometida na casa capixaba e muitíssimo das suas bem-aventuranças tem o toque e sensibilidade de Ruschi, que fez sua pequena terra ser conhecida como a Doce Terra dos Colibris.

Viva Ruschi na criação do Instituto Nacional da Mata Atlântica


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