quinta-feira, 19 de abril de 2012

GERSON CAMATA EM NOVA VENÉCIA


Gerson Camata foi governador no início da década de 90, período marcado pela volta da eleição onde o povo passou a escolher os governadores. Eram os primeiros passos da redemocratização do Brasil. Tempo de embate político e ideológico. As manifestações da população aparecendo mais claramente.
Nesta época os proprietários rurais estavam preocupados com a movimentação dos agricultores em defesa da reforma agrária. As ocupações de áreas rurais passaram a acontecer. A violência no campo começa a aparecer.
Numa grande reunião em Nova Venécia, com um público formado por fazendeiros e alguns com o intuito de trazer problemas para Camata, assisti um episódio que ficou marcado na minha vida.
Os discursos inflamados iam acontecendo e pareceria que estava colocando Camata numa situação complicada. Os discursos saindo e a noite chegando. Alguns que sabiam que Camata voltaria para Vitória, manifestaram preocupação com a segurança do governador. Camata mansamente dizia que queria ouvir a todos.
Quando Camata começou a falar, eu estava ao lado de Sérgio Ceotto, Secretário de Estado do Governo. Falei para Sérgio, deram um nó no Camata. Será que ele vai conseguir sair.
Camata foi falando nome por nome as famílias ali presentes, afinal, a maioria deles teve um caminho comum na migração do Sul do Estado para o Norte. Seus antepassados tiveram a mesma origem, a Itália.
Quando terminou a chamada, foi direto:
-Quando eu fui a Itália pela primeira vez, procurei a casa onde meu avô nasceu. Para meu espanto me indicaram um curral. Reclamei: porque deixaram construir um curral onde era a casa do meu avô.
-Para mais um espanto me disseram que meu avô havia nascido ali mesmo, ninguém havia destruído nenhuma casa. O meu avô veio para o Brasil como vieram todos os italianos, como os avós de muitos de vocês, por falta de terra para trabalhar. Por causa dos latifundiários.
- Por isto, que quem estiver junto a sua terra, fazendo o seu cultivo, eu garanto que não terá problemas. Agora, quem tiver terra, não a utilizar e morar no Rio de Janeiro ou Vitória, pode colocar a barba de molho.
Ao meu lado Ceotto falou baixinho: saiu bem. Além de sair bem, deu um nó em quem imaginava que jogaria os produtores ele.
Só faltou o governador Camata sair carregado.

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