quinta-feira, 29 de março de 2012

QUANDO IMIGRAR PARA UMA TERRA DISTANTE É UMA OPÇÃO DE VIDA


A Gazeta 06 de julho de 1992
A história do homem tem sido uma história de imigrações e de vagar pelo mundo afora. Povos inteiros passaram de uma região para outra, são registros da vida da humanidade. Desta forma vai sendo forjado um novo tipo de população. Vai na verdade sendo formando um novo homem.
A motivação da imigração tem vários matizes, desde o ideológico, passando pelo econômico, pelo político e até mesmo por questão ecológica. Podendo alinhar ainda motivações do tipo pessoal e até mesmo de fundo religioso.
Se percorrermos uma lista telefônica poderemos constatar a amplitude da imigração dos povos. Lá estão os nomes das famílias das mais diversas origens. Se olharmos um pouco dentro de cada família, veremos a imigração presente há poucas gerações. Pessoalmente posso falar de cadeira, indo até o meu avô paterno, que deixou a sua terra milenar (o Líbano), no final do século passado, e por questões familiares percorreu milhares de quilômetros a bordo de um navio por mares desconhecidos. Toda família tem na imigração uma presença certa, afinal, o Brasil é um país jovem.
Hoje queremos fazer um registro de uma imigração solitária, mas já neste século, perto de completar 25 anos.
.... corria o ano de 1967, quando um grupo de jovens brasileiros estava estudando na Itália, para depois voltar ao Brasil e trabalhar na implantação da Escola Família Agrícola (EFA), que neste momento estavam na cabeça do padre Humberto Pietrogrande e também no trabalho pastoral no Sul do Espírito Santo.
...Osmar Longui, de Rio Novo do Sul, membro do grupo de sete capixabas morre e seu corpo é trazido para o Brasil a bordo de um navio, sob a responsabilidade de um seu professor, Mário Zuliane.
Mais alguns meses e findo o curso preparatório, o grupo brasileiro prepara as malas para uma nova jornada, agora no Brasil. Neste momento Mário Zuliane que já havia vindo ao Brasil no ano anterior, se apresenta como voluntário que cobriria a ausência de Osmar Longui. Uma imigração de caráter pessoal e humanista, muito diferente da imigração de milhares de italianos que aqui chegaram no final do século passado.
É necessário que os registros para a história sejam sempre feitos e por este motivo me apresento para dizer:
... 25 anos de uma vida é muito mais que algumas dezenas de meses, que algumas centenas de semanas, que alguns milhares de dias, bem como milhões de minutos e muitos bilhões de segundos.
25 anos de vida de Mário Zuliane foram dedicados a todos nós. Se somos brasileiros por acidente geográfico, Mário é italiano pelo mesmo motivo. Mas somos irmãos por força da fraternidade, do amor, da solidariedade e da vivência no dia a dia. Irmãos no ideal.
25 anos separam o primeiro contato com o Brasil.
25 anos de um trabalho fantástico com o homem do campo. Olho o passado e vejo o rastro de muitas EFAs, muitas creches, um hospital, um centro de formação de monitores e um trabalho comunitário que não conseguimos medir. Olho para o futuro e vejo uma longa jornada a ser cumprida.
25 anos é uma referencia simples na vida da humanidade, mas uma marca inesquecível na vida da gente. 25 anos são passados e o saldo é positivo. O saldo é positivo porque nele estão Eliete, Alessandro, João Batista, Daniela, Rachel e Mercedes. 25 anos como um operário na construção da ponte que o padre Humberto tanto fala e tanto faz por ela, mas você meu querido Mário, e toda a sua família, aqui no Brasil e na Itália, tem sido um exemplo para todos nós. 25 anos de uma caminhada. Muitos anos de novas caminhadas são o nosso desejo e a nossa fé.
Nota- texto do livro MEPES 25 ANOS. CONVERSA FRANCA AMIZADE LONGA. O NOSSO TESTEMUNHO E A NOSSA ESPERANÇA, 1993.

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