terça-feira, 27 de dezembro de 2011

CLAUDIO HUVER


         Quando Claudio Huver tinha 16 anos, perdeu o pai e teve de assumir a direção de sua família, uma irmã mais velha já havia saído de casa, na comunidade do Chapéu, Domingos Martins. A alternativa que restava era trabalhar um tempo na propriedade e como diarista nas propriedades vizinhas ou no sistema de troca de serviço. A realidade do dia a dia era fazer o que aparecesse e fosse necessário ser feito. Foi a forma encontrada para continuar na propriedade que um dia chegou a ter 72 hectares, mas estava reduzida a 20. A tendência normal seria ele e a mãe engrossarem o êxodo rural. A renda familiar efetiva e segura era meio salário mínimo da aposentadoria da mãe. A escola foi freqüentada até a quarta serie, a necessidade e a vida falaram mais alto. 
          A vida começa a tomar novo rumo quando em 1992, casou-se com Verônica Martins, que havia migrado de Ecoporanga. Nesta época começaram a produção de hortigranjeiros. Vila Velha foi o destino. Faziam feira na sexta feira no bairro Coqueiral de Itaparica, no sábado iam para a feira da Toca, também em Vila Velha. Vender na feira era desgastante, mas era onde obtinham um melhor ganho. Claudio me contou que ficou chocado ao saber que o atravessador vendia por 25 centavos o pé de alface que havia adquirido por cinco. A feira começou com pouca mercadoria que era acondicionada em caixas emprestadas pelos vizinhos. Com dois anos comprou uma Kombi, o que facilitou o trabalho de deslocamento.
              Em 1994 Verônica ficou gravidade e a vida mudou novamente. Surge um pequeno bar e um campo de futebol. Mais adiante um pesque e pague e a criação de tilápias. O abatedouro que estava planejado pelo governo pra funcionar em seis meses, atrasou, demorou três anos. A venda das tilápias passou a fazer parte do cardápio do bar.  A feira de Vila Velha durou até 2004.
Quando eu conheci Claudio e Verônica, em 2003, eles tinham dois filhos (Anderson e Estefani), um dilema e um sonho. O dilema era bar. O sonho era continuar atendendo o público, mas de forma diferente e qualificada. O fim do bar seria acompanhado com a montagem de uma estrutura para atender as famílias da região e as pessoas que transitavam na região. Nesta época eles tinham pensamento em terem um restaurante. A produção de tilápias era de 1.500 quilos por ano e vendida na propriedade.
               Em 2005 recebi um convite de Claudio e Verônica para ir até a casa deles, tinham uma novidade. Fui e fiquei admirado com o restaurante Delicias da Tilápia. Claudio comentou que eles iriam recuperar a velha casa centenária para fazer uma pousada e também construir uns chalés. Hoje eles possuem três chalés e outros três estão sendo feitos. A casa centenária foi adaptada e já recebe os turistas. A propriedade produz café, milho e feijão, que são vendidos aos turistas.   
          Outro dia voltei lá. Na porta do restaurante um jovem cumprimentava todos que iam chegando. Era o Anderson, 15 anos, o responsável pela recepção, dando boas vindas e informando ser filho dos proprietários. No caixa estava Estefani, 13 anos. O Restaurante e Pousada Delícias da Tilápias fica há seis quilômetros do centro de Domingos Martins e recebe 600 pessoas por mês, mas quando ocorre um feriado este número vai bem além. Vale a pena conhecê-los. A caminhada de Claudio e Verônica é uma oração ao trabalho, a dedicação e a persistência de quem tem objetivo. Onde irão chegar? Eu não sei. Sei que eles estão na caminhada.

Um comentário:

  1. Silvia Alvina Waiandt Bellon7 de março de 2012 às 04:24

    Quero dizer que admiro muito a família Huver,e desejo que progridam cada vez mais,a mãe de Claudio era sobrinha da minha avó,parabéns por ter publicado esta história. Sucesso!

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